ENGARRAFANDO ESTRELAS


A receita de uma história de amor infalível: Amor adolescente + Câncer terminal. 


Esqueça todos os filmes que você já viu sobre câncer. Esqueça Doce novembro (Sweet November, 2001). Esqueça Um amor pra recordar (A Walk to remeber, 2002). Esqueça uma prova de amor (My Sister's Keeper, 2009). A Culpa é das estrelas, filme baseado no romance escrito por John Green, consegue uma façanha pouco vista pelo público consumidor do cinema atual: abordar um tema complexo, sem se prender a tal tema. No caso em questão, temos um filme que discorre sobre câncer, mas que não é sobre câncer. Apelidado de "ACEDE" pelos fãs literários mais ferrenhos, o livro _ e consequentemente o filme_ conta a história da senhorita Hazel Grace Lancaster, vítima (No significado mais tenro da palavra) de um assombroso câncer de tireoide com metástase nos pulmões, fazendo dela uma paciente terminal. Logo no começo do filme conseguimos acompanhar a rotina da personagem, que num nível básico de uma depressão (Efeito colateral não do câncer, mas sim de se estar morrendo _ Palavras da própria Hazel), resolver ceder ao apelo dos pais e voltar a frequentar um grupo de apoio para jovens que estão na mesma situação que ela. É nesse dito cujo grupo que ela conhece Augustus Waters, vítima do chamado osteossarcoma _ uma espécie de câncer nos ossos, que o fez perder sua perna direita _ o garoto está apenas acompanhando seu amigo Isaac, quando literalmente tromba com a Hazel, criando instantaneamente uma empatia do público pelo casal.
No decorrer do filme somos levados a seguir os passos dos protagonistas, conhecendo assim suas rotinas, seus gostos, seus diálogos temperados a reflexões sobre a vida e a morte. E é exatamente nesse ponto que o filme difere de todos os outros que já abordaram esse tema. Hazel e Gus, mesmo e apesar de toda dificuldade que enfrentam, conseguem ter uma visão sobre a vida surpreendentemente melhor do que a que se espera de duas pessoas condenadas a viver com uma doença, e morrer por consequência dela. “É uma vida boa, Hazel Grace”, fala o galã em certo ponto do filme, abrindo espaço para que o telespectador pense e entenda que a vida pode sim ser boa, mesmo diante de circunstâncias sofridas e irremediáveis. A culpa aqui transfere-se das estrelas para Scott Neustadter e Michael H. Weber, responsáveis por podar o já brilhante texto do Green, afim de fazê-lo soar mais simples e conciso para o público que não leu o livro. Ambos dividem o mérito com Josh Boone, que dirige o longa magistralmente, sem deixar que ele caia no sentimentalismo e nem se transforme num dramalhão a moda mexicana. Sim, você usará mais lenços do que foi capaz de imaginar, mas esse não será o sentimento restante quando o filme acabar. Finalizamos a lista de culpados com dois nomes: Shailene Woodley e Ansel Elgort, responsáveis por mais do que interpretarem os protagonistas, os jovens atores incorporaram os personagens de corpo e alma, fazendo o filme soar mais verdadeiro do que se podia esperar.

A Culpa é das estrelas pode ser categorizado como um filme para jovens adultos, mas ele não pode ser definido por isso. Ele vai conseguir encantar você seja qual for a sua idade, seu credo, sua opção sexual, sua classe. Ele vai conseguir te prender do começo ao fim, por se tratar de um tema que sempre vai estar em evidência enquanto o mundo for mundo: amor.
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