O problema de amar, duas vezes.

Título: Duas vezes amor.

Original: How to love.

Autor (a): Katie Cotugno.

Editora: Rocco Jovens Leitores.

Páginas: 384.

Avaliação: ★★★★★

Skoob .

Todos somos assombrados por algum erro do passado. Todos. Alguns de nós seguem em frente e vivem suas vidas da maneira que podem, alguns outros são obrigados a conviver cada dia com as consequências de um erro. Serena Monteiro, conhecida como Reena vive exatamente o segundo caso. Com um futuro brilhante pela frente, a jovem teve que interromper todos os seus planos quando se viu grávida aos 16 anos, derrubando todas as possiblidades que ela tinha de se formar com honras e viajar o mundo, como sempre sonhou. Para piorar a situação, o pai da criança Sawyer LeGrande sumiu no mundo, deixando toda a responsabilidade para a jovem. Dois anos depois, Sawyer está de volta e com ele, volta todo o sentimento que Reena deixou adormecer quando ele partiu. Reena e Sawyer são amigos de infância, ligados pela relação que existe entre a família de ambos, o laço que os une é maior que a simples amizade, bem maior do que a tragédia que ambos vivenciaram. Mas pode o amor resistir a tantos erros?

Katie Cotugno não poderia ter acertado mais em seu romance de estreia. A autora, que passou treze anos em um colégio católico, consegue de forma simples nos apresentar um romance de amor doído. Seguindo uma premissa bastante explorada no gênero new adult atualmente (Protagonistas ligados por uma tragédia _ A exemplo de Um caso perdido, de Colleen Hoover e Entre o agora e o nunca, de J.A. Redmerski), Katie nos guia pelas suas 384 páginas de um forma bastante peculiar: Antes e depois da volta de Sawyer, nos proporcionando a visão de como era a vida dos protagonistas, e de como eles se encontram no presente. Um trunfo que poderia ter dado errado, confundido o leitor a ponto de fazer um dos momentos sobrepujar o outro. Aqui, a caneta afiada da autora fez toda a diferença. Katie foi esperta ao desenvolver os capítulos de forma rápida e concisa, sem se prolongar muito nem no antes e nem no depois, cortando o enredo sempre em trechos instigantes, deixando o leitor ávido para ler a próxima página.

“Faz pouco tempo, na minha aula de artes, lemos sobre a Renascença e sobre como, durante um bom tempo depois dela, foi quase impossível para os artistas italianos fazerem qualquer coisa. Toda aquela história já estava ali, eles pensaram. Por que tentar?”.

O enredo também difere das obras do mercado atual. Temos em “Duas vezes amor” uma protagonista cheia de dubiedades: forte, e ao mesmo tempo tão fraca. Segura, e ao mesmo tempo tão dependente da opinião de todos a sua volta. Reena é o tipo de moça que todos nós amamos, porque somos impelidos a torcer para que ela se dê bem, para que ela possa superar os obstáculos que a vida à impôs. Já com Sawyer a identificação acontece de forma mais lenta, pois já na sinopse do livro somos levados a encará-lo como um vilão, coisa que ele não é. Mais uma vez destaca-se a inteligência da autora, trazendo dois protagonistas extremamente reais, um casal que pode ser encontrado em qualquer esquina da vida. Acima das dificuldades pelas quais passaram, Reena e Sawyer começarão a realmente se descobrir como pessoas, como casal.

Mais do que sobre amor, “Duas vezes amor” é um livro sobre maturidade. A maturidade existente nas escolhas, nas segundas chances, nos encontros e desencontros que o destino ou a vida impõe a cada ser humano. Ao acabar de ler, você vai sentir que sim, o amor pode resistir aos erros, e que é possível se apaixonar mais de uma vez pela mesma pessoa. Como diz Paulo em sua carta aos Coríntios : “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Katie mais do que ninguém, parece ter entendido a mensagem.