Nasce um novo serial killer: Gagliasso arrepia em nova série


Sexta (19) foi ao ar mais uma estreia na Globo. Cercada de expectativa a emissora lançou sua mais nova série: Dupla Identidade, de Glória Perez. A autora (um dos medalhões da dramaturgia brasileira), é conhecida por apresentar temas relevantes para a discussão na sociedade, por meio de extensa pesquisa. Cabe recordar o amor virtual em Explode Coração (1995), numa época em que a internet dava seus primeiros passos, a questão das drogas e da clonagem humana em O Clone (2001), a cleptomania, deficiência visual e imigração ilegal em América (2004) ou mesmo a esquizofrenia/psicopatia de Caminho das Índias (considerada a melhor novela do mundo pelo Emmy 2009), entre outros. 

Em Dupla Identidade, a autora trabalha em um campo que ainda não tinha explorado: o dos serial Killers. Talvez para afugentar as críticas ao seu último trabalho, Salve Jorge (2012/2013), que apesar da boa premissa de tratar sobre o tráfico humano, se viu constantemente criticada nas redes sociais pelos furos no roteiro e situações inverossímeis propostas pela escritora. Para Dupla Identidade, Glória mergulhou em séries como Dexter, CSI e Criminal Minds, e em filmes como Psicose - algo bastante perceptível- criando inclusive, um blog para mostrar como se deu o processo de trabalho para a atual série. 

Sem dar tempo para o público respirar, a primeira cena já mostra um assassinato a sangue frio cometido pelo protagonista Edu, vivido pelo inspirado Bruno Gagliasso. O ator foi com toda  certeza, o grande destaque do elenco, compondo um serial killer perfeito. Frio e calculista, o rapaz transita pela loucura e normalidade em um piscar de olhos (Com a mesma intensidade que joga futevôlei nas praias de Copacabana, mata e tortura suas vítimas). É na praia, inclusive, que encontra seu novo alvo, a mocinha Ray (Débora Falabella), que sofre com a síndrome de borderline, um transtorno de personalidade, em que  a pessoa em busca de identidade só se realiza em uma relação afetiva, seja de amor ou amizade. A cena final com o ator abrindo os braços simbolizando o Cristo Redentor, ao som de metaleira pesada foi de arrepiar. Isso sem contar, o olhar do rapaz que causou ainda mais arrepios. As nuances dadas ao personagem só mostra que o ator é um dos melhores de sua geração. Basta lembrar de sua trajetória na TV, com papéis que vão de um riquinho abalado mentalmente em Celebridade, um gay enrustido em América, um esquizofrênico em Caminho das Índias e um vilão caipira em Cordel Encantado, só para citar alguns.


Esse olhar... 

No elenco, vale destacar também a sempre ótima e competente Débora, Marcello Novaes (como o investigador Dias, totalmente diferente dos últimos vilões que interpretou) e Marisa Orth (que acostumada a papéis cômicos mostrou sua versatilidade como a mulher amargurada e traída de um senador corrupto). No geral, todos funcionaram bem, com exceção de Luana Piovani (que pra mim nunca foi uma boa atriz) e aqui se mostrou forçada demais na composição de uma psicóloga forense, que atuou nos EUA - e provavelmente fez estágio em CSI -, já que se acha a  fodinha expert quando o assunto são os psicopatas. Seu didatismo na hora de explicar o comportamento de Edu, deixou muito a desejar. É esperar pra ver se ela melhorará com o tempo.

Com utilização de câmera nervosa, fotografia obscura e iluminação bastante sombria (criando o clima denso a que a série se propõe), trilha sonora com rock pauleira, o bom texto de Glória e direção caprichada de Mauro Mendonça Filho, a trama deixou um ar de quero mais, o que é muito bom, pois dá vontade de ver os próximos episódios graças aos ganchos que a autora proporcionou. Apesar do horário ingrato (depois do Globo Repórter) a atração ficou na liderança isolada com 12,3 de média. Em 2º lugar veio o SBT, com 5,4 e a record em 3º com 4,5. Nas redes sociais, o capricho da produção foi comparado ao de produções hollywoodianas. 

No geral o piloto conseguiu mostrar com clareza a história e os personagens que transitam entre o mundo da política e da polícia. E qualquer semelhança entre esses dois mundos não terá sido mera coincidência, afinal ambos estão conectados. Cheia de entrechos dramatúrgicos, Dupla Identidade deve surpreender (e muito) o público. É esperar os próximos capítulos (ou seria episódios?).  

Como fiquei com a atuação de Bruno:


6 comentários:

  1. Oie, tudo bom?
    Eu não acompanhei o piloto da série, mas pela sua resenha e os comentários o episódio foi de arrepiar. Sinceramente eu acho o Bruno Galliasso com uma carinha de doido...kkkkk
    É muito bom saber que o Brasil está investindo nesse tipo de série nacional e quero acompanhar o segundo episódio.
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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    1. Oi Aline tudo bem e contigo?
      Realmente a série foi uma das melhores estreias dos últimos tempos...
      E é muito bom mesmo investir nesse gênero e deixar de lado as comédias que predominam no país. Acredito que a série ainda vai bombar mais, KKKKK'

      Beijos e volte sempre! ;)

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  2. Olá.
    Eu acompanhei o primeiro episódio. Achei muito bom. Concordo com a opinião sobre a Marisa Orth, que mostrou seu potencial fora da comédia.
    Com relação a Luana Piovani, acho que o problema não foi (totalmente) com ela, mas com o próprio 'estilo Glória Perez' de explorar temáticas desse tipo. Quando ela retratou a esquizofrenia e a psicopatia em 'Caminho das Índias', por exemplo, era o Dr. Castanho (Stênio Garcia) quem fazia essa "narração", explicando os comportamentos dos personagens, assim como coube a Luana Piovani fazer agora em 'Dupla Identidade'.
    É bem didático, portanto, passa uma ideia de que "a autora fez pesquisas".
    Fora isso, eu curti bastante. Ótima postagem!

    http://ymaia.blogspot.com.br/

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  3. Oie, tudo bom?
    Eu não acompanhei o piloto da série, mas pela sua resenha e os comentários o episódio foi de arrepiar. Sinceramente eu acho o Bruno Galliasso com uma carinha de doido...kkkkk
    É muito bom saber que o Brasil está investindo nesse tipo de série nacional e quero acompanhar o segundo episódio.
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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  4. Oi João, eu estava esperando para assistir o pilot, mas dormi :(

    Gostei muito da sua resenha sobre este primeiro episódio e mesmo sem ver já senti a intensidade da trama. Eu gosto muito desse tema, quando fazia faculdade de Direito as matérias de criminologia e psicologia jurídica foram as minhas matérias preferidas e ainda pretendo me especializar nessa área e se puder ainda fazer o curso de Psicologia (apesar das semelhanças com o Edu eu não sou psicopata, só gosto de entender o comportamento humano).

    Fiquei muito feliz e animada pela série e vou acompanhar para ver o que vai acontecer.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

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  5. Ótima opinião, João!! Ainda não tinha lido nenhum texto daqui do blog! Mas agora, quero ler todos!! Eu gostei muto do texto, muito bem construído! Parabéns!! Um trecho que adorei: "Frio e calculista, o rapaz transita pela loucura e normalidade em um piscar de olhos (Com a mesma intensidade que joga futevôlei nas praias de Copacabana, mata e tortura suas vítimas)..." Mais uma vez, parabéns!!! :D

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