Título:
Legend.
Original:
Legend.
Autor
(a): Marie Lu.
Editora:
Rocco Jovens Leitores.
Páginas:256.
Avaliação: ★★★★★
“Jogos
Vorazes” mudou o mundo das distopias. Esse fato é inegável, e pode ser até
questionado por muitos, mas não pode ser menosprezado. Se a obra de Suzanne
Collins introduziu os jovens no mundo distópico, “Divergente” chegou e
consolidou o conceito. Dentre esses dois fatores, podemos considerar que
qualquer autor que deseje aventurar-se a escrever uma trama de tal cunho,
estará pré-disposto a ter sua obra comparada _ e criticada de acordo _ com as
supracitadas. Marie Lu, chinesa autora da trilogia “Legend”, não se deixou
intimidar e sua “coragem” resultou em um produto incrível, digno de ser
comparado as melhores obras que seguem o mesmo tema.
A
trama se passa em Los Angeles, no ano de 2130. A nomenclatura Estados Unidos
não mais existe, e o país foi dividido em duas partes: A República _ formada pela
elite e pela força militar _ e as Colônias, habitadas pelos rebeldes. Ao
completarem dez anos, as crianças são submetidas a um teste de conhecimentos,
que designará suas funções dentro da sociedade. As que conseguem uma alta
pontuação, são designadas a estudarem nas melhores universidades, e preparadas
para um bom emprego militar. As que não atingem uma boa pontuação, são
separadas de suas famílias e enviadas para trabalhar em campos de comida, a
serviço do governo. A protagonista June Iparis é a criança prodígio da
República, tendo alcançado a pontuação máxima na sua prova, a garota tem um
futuro promissor no alto escalão do exército, apesar de sua indisciplina. Do
outro lado da história temos Day, um garoto de quinze anos que carrega nas
costas o título de criminoso mais procurado do país, uma espécie de desertor
que vive para ajudar a manter sua família. No centro da trama temos a praga,
uma doença que assola a parte mais pobre da sociedade, causando medo e
desespero entre os habitantes mais miseráveis. Divididos em “mundos”
diferentes, June e Day jamais se encontrariam em uma ocasião corriqueira, mas
quando o irmão da garota é assassinado e Day passa a ser o principal suspeito,
o desejo de vingança de June a levará em uma caçada pelo garoto, e fará ambos
descobrirem segredos e verdades a respeito da República que poderão mudar os
rumos da história.
“Todos nós vivemos em nossas próprias distopias, e o único jeito de vencer é não fugir, mas mudar o seu próprio país para melhor”, afirmou a autora em entrevista a Rocco.
Escrito
de forma fluida e direta, “Legend” é narrado pelos dois protagonistas,
alternados em capítulos simples e concisos que vão “direto ao ponto” da
história. Marie Lu não é de rodeios, e o leitor agradece. Outro trunfo da trama
está em seus personagens. June não é apenas a garota prodígio da República, ela
é a protagonista prodígio, sua inteligência e sagacidade encantam o leitor,
criando uma identificação imediata. O mesmo acontece com Day, o malandro vindo
de baixo, o “garoto que sobreviveu” e sobrevive à miséria em que cresceu. Além
de sermos levados a torcer por ambos, somos engolidos pelo enredo, que nos
arrasta como uma correnteza.
Com
uma história surpreendente e um final que dá abertura pra trama do segundo
livro, Marie Lu pode deitar a cabeça no travesseiro e dormir em paz, porque sua
parte 1 de 3 foi finalizada com sucesso, e o mundo pode comprovar que na
verdade ela é o verdadeiro prodígio.