Não
é novidade que enredos distópicos estão em alta no mercado literário, “Jogos vorazes” e “Divergente” já deram razões de sobra para acreditarmos nisso. Seus
livros e adaptações tornaram-se fenômenos ao redor do mundo, fazendo ambos
alcançarem milhões de fãs e entrarem para o hall dos best sellers. Entre tanta
balburdia girando em torno dessas distopias _ Mais especificamente a obra de
Suzanne Collins _ a americana Kiera Cass (33) teve que “ter peito” suficiente para
escrever e lançar sua obra, a distopia romântica “A Seleção”, primeiro livro de
uma trilogia completa por “A Elite” e “A Escolha”.
A saga acompanha a jovem America
Singer, habitante de um país chamado Illéa, que é regido sob uma monarquia
absolutista, tendo sua sociedade dividida em castas que separam seus indivíduos
de acordo com suas condições financeiras, seus graus de instrução e suas
funções. Ao completar 16 anos, impelida pela sua mãe, ela se inscreve num
reality show chamado “A Seleção” que tem como objetivo encontrar uma princesa
para o príncipe Maxon Schreave, próximo rei na linha sucessão. Longe de querer
ganhar o programa, o que America realmente almeja é distanciar-se de Aspen, o
garoto que partiu seu coração e garantir que sua família receba os benefícios
que o governo oferece as famílias dos participantes.
Usando de ingredientes conhecidos do
público fã de distopia _ Miséria, guerra, mistério, protagonista rebelde _
Kiera Cass garantiu o diferencial de sua obra ao incluir uma boa dose de romance.
Diferente da abordagem superficial feita ao romance de Katniss e Peeta, ou de
Tris e Quatro, a autora garante em seus livros o amor como protagonista. Outro
acerto da história é resgatar a sociedade monárquica (Rei, rainha, príncipe,
princesa), o ultimo acerto contundente nesse aspecto veio com Meg Cabot e sua
série “O Diário da princesa”.
“Minha alma tem dezessete anos”,
afirmou a escritora em entrevista a revista VEJA, em sua recente passagem pelo
Brasil para participar da Bienal do livro em São Paulo. Kiera, que começou a escrever em 2007 na
tentativa de superar o abalo causado por uma tragédia local (O massacre na
universidade Virginia Tech, que resultou em 33 mortes _ Incluindo a do atirador
_ e 21 feridos) contou ainda que sua inspiração veio da história bíblica de “Ester” e do conto de fadas “Cinderela”. “Eu quis escrever sobre uma
garota humilde que ganha a atenção do príncipe, mas já está apaixonada por um
rapaz pobre”.
America, em suma, é um espirito livre,
reflexo de sua própria criadora. Após o ensino médio, Cass foi aceita na
Coastal Carolina University para cursar teatro, sua grande ambição. Mudou-se
para a Radford University para cursar música. Logo então comunicação e depois
história, onde estabeleceu-se até casar, ter filhos e iniciar sua carreira de
escritora.
A autora anunciou
recentemente a publicação de mais dois livros da saga “A Seleção”, “The Heir”,
que tem lançamento previsto para maio de 2015, e não será narrado pela protagonista
dos livros originais e um quinto romance ainda sem título, a ser publicado em
2016. Não bastasse essa novidade avassaladora para os fãs, Cass anunciou também
a publicação de dois contos digitais, "The Queen" (dezembro de 2014)
e "The Favorite" (início de 2015). Os direitos de suas obras foram
adquiridos pelo canal CW, que chegou a produzir um piloto de série mas não deu
continuação, alegando que a produção não foi suficientemente atraente para que
entrasse na grade de programação do canal. “Esse tipo de coisa nunca está na
mão dos autores, temos que esperar alguém se interessar pela adaptação. Se
acontecer novamente, prometo avisar a todos”, contou Kiera.
Resta aos fãs torcer para que a CW ou
repasse os direitos para uma produtora que queira realmente dar andamento ao
projeto, ou que tenha cunhões suficientes para investir em um piloto mais fiel
que o filmado em 2012, arriscando-se ao fracasso ou ao sucesso. A autora já
provou que tem estrela, esperemos que a sorte esteja a seu favor. Vida longa a
Kiera Cass!